Estava lendo o livro mãos de luz da Barbara Ann Brennan e uma parte me chamou atenção e me deu vontade de escrever.
A autora menciona sobre a importância de entender o início de uma doença para de fato se realizar a cura. E que muitas das vezes, a cura seguindo a orientação dada em seus tratamentos se dá com a mudança de vida:
“…uma mudança capaz de conduzir finalmente a uma vida pessoal mais ligada ao âmago do nosso ser. Conduz-nos à parte mais profunda de nós mesmos…”
Pensando sobre essas palavras, vejo como minhas dores de cabeça insuportáveis durante o período menstrual eram muito mais explosão de um ser amarrado, trancafiado num espaço minúsculo dentro de mim mesma do que problemas hormonais indecifráveis. Onde só medicação diária, incessante, anticoncepcional com graus de hormônios altíssimos, fazendo-me não menstruar mais conseguiam resolver o problema. Resolviam a dor, mas não tratavam a causa. Muito do que eu vivia era puro excesso, de trabalho, de responsabilidades, excessos de todos os tipos, menos de paz.
Uma mudança capaz de nos trazer ao âmago do nosso ser…
Não estou dizendo que não devemos trabalhar, superar desafios, prosperar. Não é isso. Mas se conhecer, olhar para dentro de si, encontrar as respostas para as nossas mais íntimas perguntas. E só nós temos tais respostas.
Satisfazer ao outro, atender a sociedade, cumprir com as obrigações de fora, todas essas ações, por mais dignas e belas que sejam, quando não casadas com nossas respostas interiores, com nossas potencialidades, de nada servirá para o nosso contentamento e realização maior. Infelizmente em muitos casos, o gasto que se tem é tão alto, que a conta tende a ficar cara. Gerando transtornos no nosso bem maior, nossa saúde! Inúmeras vezes me vi com enfermidades que transpunham muito bem meu estado interior. Lembro-me certa vez, ao escovar os dentes em frente ao espelho, ter visto um caroço no meu pescoço, pensei: –Não é nada. Devo ter gripado e deve ser algum gânglio, uma íngua.– Poucos meses depois, novamente escovando os dentes com minha imagem refletida no espelho, vi o caroço, estava enorme! Tinha praticamente dobrado de tamanho. Apavorei! Fui ao médico, fiz uma biopsia e um mês depois a cirurgia para a retirada do nódulo. “Tive que esperar” (por causa do trabalho) para fazer a cirurgia. Lembro que fiquei chateada por “ter que esperar”. Estava com tanto medo, pois o caroço não parava de crescer e queria fazer a cirurgia logo, mas não soube dizer não! Como o resultado da biopsia tinha sido negativo, presumiram que tudo bem esperar por conta de necessidades no trabalho, afinal, é coisa simples, é só um nódulo benigno. E eu mais uma vez engoli seco, engoli sapo. Mais uma vez fiquei com algo entalado na garganta. Engolia tanto, o tempo todo, tudo o que me passavam que não deu outra! Acumulou tanto nó na garganta que originou um nódulo que não cessava em crescer.
Não digo que a responsabilidade foi do outro. Não.
Foi minha.
Não saber dizer não.
Não saber me aquietar, me ouvir, me auscultar! Aliás, a responsabilidade foi dos dois lados! Um por não saber dizer não, colocar um limite, e do outro que devia ter tido senso do abuso.
No meu caso, o mais importante era entender que tenho mais do que limites, tenho vontades, desejos, prazeres e potencialidades enormes dentro de mim que não estavam sendo satisfeitas com aquela situação. Respondia a todos; à sociedade, à família, aos títulos, mas não atendia ao ser mais importante na história da minha evolução, eu mesma!
Talvez façamos assim pois somos criados assim. Somos criados para estudar, trabalhar, arrumar um ótimo emprego, ter status, constituir família. E pra muitos isso basta. Ótimo! Que bom que baste, o importante é lhe completar, lhe satisfazer, trazer felicidade. O problema é que para muitos esse padrão de atender aos desejos dos outros só faz adoecer e sem saber porque estão tão doentes, continuam com suas medicações, tratando o problema sem identificar a causa. Aqueles que tentam “sair” desse sistema antes mesmo de entrar também encontram grandes entraves, justamente por não olharem para dentro de si mesmos, no seu mais profundo ser, e encontrarem as respostas para o que seria seus desejos e seus amores mais profundos. Muitos desses, exatamente por não terem encontrado àquilo que preenche sua existência, acabam se vendo aos trinta sem diploma, sem o ótimo salário, sem o status e tentando de qualquer forma aquele emprego “dos sonhos”, mas esqueceu de olhar principalmente para os seus próprios sonhos, só eles vão te mostrar o trabalho dos teus sonhos.
Eu sempre tive prazer em ver o resultado de um trabalho bem feito, dessa forma, sempre procurava fazer com exatidão tudo o que me competia e achava que gostava do que fazia. E realmente gostava, o gosto pelo trabalho em si sempre tive, desde muito pequena. Mas o amor em fazer algo, um prazer e um amor tão grande que lhe traz tanta satisfação que você não sabe nem explicar?! Esse amor e prazer tenho experimentado há pouco. E garanto, quando você aquieta, ouve a si próprio, você encontra muito mais respostas do que imagina! 😉
Muita paz e muitas reflexões internas a todos! 😃👍
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