Imagine a seguinte situação:

Você é uma/um adolescente e está na sala de aula com um professor que você acha chato e que está passando um assunto que você não tem o mínimo interesse. Você preferiria muito mais estar em casa dormindo ou conversando com suas amigas(os) do que estar ali naquela sala de aula. Muito provavelmente o que você vai se lembrar futuramente dos ensinamentos daquele professor será praticamente nada. Algo que pode ser ainda mais preocupante nesse contexto é que você muito provavelmente vai criar uma certa aversão aquele assunto ou aos estudos, devido a memória que será gravada sobre essa experiência.

Dois Tipos de Memória

Nós temos dois tipos de memória, aquela que é criada com base nos acontecimentos externos, ela é gerada de uma forma inconsciente, conforme os estímulos e condicionamentos que vamos recebendo de forma inconsciente, essa é a memória implícita.

A memória explícita é a aquela que se encontra no pré-frontal e com esse tipo de memória, conseguimos produzir novos conhecimentos, pois trata-se dos momentos de foco, quando estamos realmente interessados e entregues no que está ocorrendo no momento presente. Essa é uma memória da qual teremos consciência da sua criação, pois ela é construída com base naquilo que estamos experimentando com total atenção e foco.

Qual o Seu Foco?

Para falar de memória, também é importante trazer o conceito de onde temos por hábito, manter o foco de nossa mente? Nas situações mais positivas ou nas situações mais negativas? Esse é um processo bastante desafiador para todas(os) nós, pois por tendência, nosso cérebro mantém o foco mais no negativo do que no positivo. Por uma questão de sobrevivência, para nossos antepassados nas savanas africanas, não dava para contemplar a beleza da vida e das flores sendo que haviam vários animais ao redor querendo te atacar. Por estes motivos, nosso cérebro foi criando padrões de conexões neurais mais profundos e enraizados na negatividade. Porém, hoje com todos os avanços e evolução que tivemos, já é possível e já é momento de termos mais consciência de mudarmos esse padrão do foco negativo para o positivo. Trago inclusive o conceito de criar mais conexões neurais no foco positivo para contrabalancear esse processo e trazermo-nos para o caminho do meio, do equilíbrio interno.

Eu tenho lá no YouTube um vídeo onde comento sobre um exercício bem simples e bem fácil de realizar para identificar se sua mente é mais positiva ou mais negativa. Vou colocar aqui nesse artigo também.

Quando Perdemos o Foco?

Sabendo que podemos criar nossas próprias memórias de crescimento e evolução, é de suma importância então identificar quando perdemos o nosso foco. Listo abaixo algumas situções que nos fazem perder o foco:

  • Realizar várias coisas ao mesmo tempo: pode parecer algo bom ser multitarefa, mas pelo menos para a criação da nossas memórias explícitas, aquelas que vão gerar conhecimento, realizar várias atividades ao mesmo tempo vai te fazer perder o foco e diminuir a atividade no pré-frontal, te fazendo gastar ainda mais energia.
  • Permanecer-se no Piloto automático: nosso corpo e nosso cérebro, para gastar menos energia, tendenciará a realizar suas atividades no piloto automático, porém, se não tivermos ciência das atividades que estamos executando, muito provavelmente estamos sem foco algum e acabamos por perder grandes oportunidades de modificarmos padrões de comportamentos e criarmos novas e melhores memórias;
  • Realizar algo que não nos interessa: quando nos obrigamos ou somos obrigados a fazer algo, nossa motivação, interesse e vontade caem muito, e com eles o nosso foco. Sempre ouvimos e falamos da importância de saber o que queremos e o que nós amamos fazer, pois aquilo que te traz paixão em realizar, muito provavelmente vai te propiciar a abertura e manutenção do foco. E claro, esteja aberta(o) a novas experiências, pois o aprendizado novo também contribui para a maior ativação do pré-frontal.

Como Criar Boas Memórias?

Trago para vocês algumas dicas que aprendi com o neurocientista Andrew Newberg que estuda estados alterados de consciência e iluminação. Ele diz que precisamos criar nosso próprio ritual de práticas, que pode e deve ser aquilo que te atrai mais, como:

  • Meditação;
  • Oração;
  • Música;
  • Criatividade;
  • Artes;
  • Esportes.

Qualquer uma das atividades que você realizar como um ritual, onde possui total entrega no processo mantendo o seu estado de atenção vão contribuir para o foco. Elas irão aumentar o nível de atividade no logo frontal, propiciando assim com a criação de novas memórias baseadas no conhecimento (explícitas). Essas memórias serão geridas e nutridas com base naquilo que você quer alimentar em si, ao invés de apenas receber mais do mesmo com base no que chega do externo que se adequa ao que já está gravado internamente de forma implícita.

Bom, espero ter contribuído um pouco que seja na geração de mais uma memória explícita para você. Juntas(os), com conhecimento, dedicação e persistência conseguimos aprimorar nosso foco, nossas memórias e construímos um mundo cada vez melhor.


Fontes para este artigo:

Livro Desconstruindo o Mindset e Construindo Inovação, Solange Mata Machado – clique aqui para adquirir.

Palestra The Path Towards the Enlightenment, Andrew Newberg


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